O genoma humano
Decifrado o mapa da vida
Cientistas de várias partes do mundo anunciaram o mapeamento de 97% do genoma humano
Uma criança nasce e com poucos dias de vida passa por uma bateria completa de exames. Através de uma análise nos genes, os médicos descobrem que ela herdou uma doença dos pais e iniciam tratamento para curá-la. A cena ainda é só ficção, mas na segunda-feira (26) ficou mais próxima de se tornar realidade. Com toda a pompa que a revelação exigia, o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, foram à público anunciar a descoberta que promete uma revolução na medicina: foi decifrado 97% do código genético da humanidade. Na prática, está aberto o caminho para a ciência curar doenças transmitidas de pais para filhos, descobrir novos tratamentos para males atualmente incuráveis, como câncer ou Alzheimer, e até retardar o envelhecimento.
"Hoje estamos aprendendo a linguagem na qual Deus criou a vida", declarou Clinton. Ele classificou o momento como "um dia que entrará para a história" e comparou-o com as pioneiras observações celestes feitas por Galileu. Mas também alertou que o mapa genético nunca deverá ser usado para segregar, discriminar ou invadir a privacidade dos seres humanos e já preparou uma resolução federal nesse sentido.
O mapeamento genético foi fruto de uma pesquisa do consórcio internacional Projeto Genoma Humano (PGH), que reuniu centros universitários de 18 países, inclusive do Brasil, e da empresa Celera Genopmics. Para mapear o genoma humano, os dois grupos de cientistas tiveram que decodificar um alfabeto de 3,1 bilhões de letras, as bases dos genes. Elas definem as características das pessoas que vão desde a cor dos olhos a doenças. Tudo fica registrado no DNA, que tem forma de uma escada em espiral. O que os cientistas fizeram foi decifrar a seqüência de quatro substâncias químicas - adenina, timina, guanina e citosina, conhecidas por suas iniciais, A, T, G e C - em cada degrau do DNA.
Conforme o geneticista gaúcho Roberto Giugliani, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), para chegar mais rapidamente ao seqüenciamento do genoma os cientistas quebraram a cadeia de DNA em vários fragmentos. Dessa maneira, os pedaços puderam ser analisados ao mesmo tempo, em vez de um por um, como cientistas concorrentes vinham fazendo ao redor do mundo. O problema, agora, será colocar todos os fragmentos do DNA em ordem novamente - processo chamado de montagem. Isso permitirá agrupar corretamente os cerca de 100 mil genes do homem para finalmente esclarecer o código genético humano completo, formado por 3 bilhões de pares de aminoácidos.
O trabalho que resta pela frente é colossal. "O que o anúncio de ontem significa é apenas que definimos o tamanho do palheiro no qual precisamos procurar agulha", observou Ricardo Brentani, presidente do Hospital do Câncer, em São Paulo. Andrew Simpson, diretor do Projeto Genoma brasileiro, reforça: "Para identificar todos os genes contidos nesse material levaremos ao menos cinco anos e mais um século para conhecer as funções de cada gene e a estrutura de cada proteína que codificam."
http://www.vestibular1.com.br/revisao/r130.htm
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