Podemos recriar a natureza
Dentre
as substâncias que existem nas células, uma delas é especial,
porque permite a continuidade da vida: o DNA.
Esta é a sigla em inglês para o ácido desoxirribonucleico.
O DNA é uma substância muito
complexa: sua molécula tem milhões de átomos dispostos em uma
ordem precisamente determinada. O DNA possui um código químico –
o código genético – que informa à célula como ela deve
funcionar e como suas substâncias devem ser produzidas. Ele é o
principal constituinte dos cromossomos, existentes no interior dos
núcleos das células.
Boa parte das características de cada
ser vivo estão determinadas no código genético. É ele que
transmite aos filhos as características dos pais. Não é por acaso
que uma pessoa nasce com cabelo liso e castanho, ou com olhos verdes,
ou com a pele clara. Tudo isso está “programado” no código
genético. Até mesmo a predisposição para certas doenças - como
hipertensão, câncer, infarto e distúrbios mentais_ é determinada
geneticamente.
Cada
característica do organismo está “escrita” em uma parte do
código genético denominada gene.
Assim, há um gene para cor de cabelo, outro para tipo de cabelo e
outro pra cor de olhos. Fisicamente, o gene é um pedaço do
cromossomo. Podemos, portanto, descrever o cromossomo como uma
estrutura da célula formada por uma sequência de genes. No interior
das células humanas - excluídas as células sexuais - existem 46
cromossomos, onde se encontram aproximadamente cem mil genes.
Atualmente,
já é possível manipular o código genético, passando genes de um
ser vivo para outro, criando novos genes ou alterando os genes já
existentes. Tanto que já é possível dotar vegetais de resistência
contra pragas e criar variedades de tomates que amadurecem mais
lentamente e não se estragam com tanta facilidade depois de
colhidos. Também se produziram bactérias capazes de fabricar
importantes medicamentos.
A
manipulação da genética nos seres humanos pode ser por meio de
eliminar doenças hereditárias – como mongolismo, diabetes, e
hemofilia – que sempre afligiram a humanidade. Essas doenças são
causadas por defeitos nos cromossomos.
Entretanto,
há graves riscos na manipulação genética. Poderiam ser criados,
por erro ou má intenção, vírus e bactérias causadoras de doenças
incuráveis; ou então animais que alterassem o equilíbrio ecológico
natural. No caso do ser humano, a tecnologia genética pode ser
aplicada para discriminar as pessoas. As empresas poderiam não
empregar pessoas com inclinação ao alcoolismo ou outras doenças.
Os pais poderiam escolher as características físicas de seus
futuros filhos, “programando-os” de acordo com seus caprichos. E
o mas grave: governos e grandes empresas poderiam produzir seres
humanos em laboratório, com grande força física, por exemplo, mas
com inteligência extremamente limitada e facilmente controláveis.
O
texto discorre sobre com é possível recriar a natureza, controlando
o código genético dos seres vivos. Mas essa possibilidade tem
profundas implicações morais. Vamos refletir um pouco sobre essa
questão, procurando determinar como
a sociedade pode controlar o uso dos conhecimentos sobre o código
genético.
Por: Nilton Zanesco
Graduado em Ciências Biológicas
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